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Volume 58 nº 3 - 2024 | O brincar na clínica de adultos

Sumário (Clique nos títulos para acessar editorial ou resumos disponíveis)

O brincar na clínica de adultos

Para mim, o play é uma solução parcial na busca da sanidade mental.
FRANK JULIAN PHILIPS

Em uma passagem de Em busca do tempo perdido (1913-1927/1954), de Proust, e em outra de Guerra e paz (1865-1867/1972), de Tolstói, temos duas situações similares. Na Recherche, uma grande dama da sociedade copia praticamente ipsis litteris tudo o que vê nas recepções, até mesmo a lista de convidados, da duquesa de Guermantes, considerada o suprassumo da elegân­cia bem-sucedida e glamourosa. Em Guerra e paz, um militar de alta patente imita até no mobiliário aquilo que vê nas famosas recepções de um impor­tante general. Todavia, os imitadores ficam desarvorados por seus eventos se tornarem repetidos fiascos. Tanto Proust quanto Tolstói ressaltam, nos imita­dores, a falta de percepção e intuição psicológica das personagens copiadas. Os autênticos podiam atuar com liberdade no jogo social, favorecendo que os convivas se divertissem e brincassem entre eles; eram capazes de antecipar situações embaraçosas entre pessoas que poderiam se desentender e criar cir­cunstâncias desagradáveis, logo intervindo e afastando, sem que isso ficasse óbvio, os possíveis contendores. A duquesa e o general tinham fair play, o que implica jogar-brincar de forma que assegure oportunidades iguais para todos os participantes.

Ainda em Proust, há um episódio em que o narrador vai a um evento beneficente na Opéra-Comique. Ali, entre as atrações, acontece a apresentação de um trecho da peça Fedra, de Racine, pela famosa atriz Berma – personagem inspirada nas duas maiores atrizes da virada do século 19 para o 20, Sarah Bernhardt e Rejane. O narrador lembrava-se de como tinha sido tremenda­mente frustrante para si a primeira vez que vira a peça quando bem jovem. Nada se passou como antecipara e não conseguiu entender como a plateia ova­cionara a atriz ao final do espetáculo. No evento da Opéra-Comique chegou sem qualquer expectativa do que iria ver. O que se apresentou do ponto de vista sensorial parecia muito semelhante ao que vira antes. Entretanto, ficou pasmo ao perceber, durante e ao final da performance, que fora arrebatado pela apresentação. Sentiu-se extasiado e perplexo. Indagando-se sobre o que poderia ter ocorrido para viver experiências tão diversas, deu-se conta de que, na vez anterior, foi ao teatro tão completamente saturado de expectativas e “conhecimento” prévio do que deveria ser a interpretação de um grande texto por uma grande atriz, que não pôde ver o fenômeno que se desenrolou diante de si, perdendo o prazer e o arrebatamento da peça (play). Ele não pôde entrar no jogo-brincadeira-interpretação da atriz.

Recordo-me aqui do que pode acontecer quando uma pessoa pensa que se tornar psicanalista é um aprendizado teórico de erudição, sem passar pela experiência de uma análise efetiva, tornando-se a imitação de um psicanalista, com móveis, consultório, forma de se vestir e jargão, mas incapaz de enxergar a realidade psíquica que se desenrola para além das aparências. A imitação tam­pouco permite dar conta dos imprevistos e saber antecipá-los ou lidar com eles quando ocorrem, como eram capazes, nos romances, a duquesa e o general.

Frank Philips, em um seminário no final dos anos 1980, observou em um material clínico que a distância que separava o analisando e o analista não se encontrava no meio, na metade do espaço entre eles. Parecia que o analisando estava acuado por uma suposta autoridade atribuída ao analista. Para ele, isso impediria a conversa, pois esta só poderia acontecer quando a distância de um para o outro estivesse no meio do espaço. Certamente não se tratava de espaço físico.

Jamil Signorini, nosso querido colega já falecido, costumava contar que a grande atriz Cacilda Becker, toda vez que encerrava uma temporada no teatro, precisava se internar no Sanatório Bela Vista para separar-se da personagem que havia interpretado. A brincadeira (caráter simbólico/lúdico) se perdia?

Há alguns anos, vi um documentário sobre a princesa Margaret, irmã da rainha Elizabeth 2ª. O que me chamou a atenção foi o depoimento de uma lady, íntima da corte, que narrava a grande solidão em que essa princesa acabou seus dias. Ela costumava convidar amigos para feriados em algum castelo ou na sua casa nas Bahamas. O problema é que logo nos primeiros dias ninguém conseguia suportar mais o convívio com a anfitriã, pois em vez de haver uma relação relaxada e divertida, a atmosfera ficava extremamente tensa, porque ela passava a lembrar a todos que era alteza real e tinha de ser tratada como tal. Aos poucos, os amigos ficaram escassos. Quem consegue brincar com uma alteza real? Cortem-lhe a cabeça, diria a Rainha de Copas em Alice no país das maravilhas, ou a rainha Elizabeth 1ª no seriado de aventuras de Sir Francis Drake que eu apreciava quando criança. Não era possível brincar enquanto estavam sob seu teto. Dessa característica da princesa, uma importante atriz cômica inglesa, Tracy Ullman, uma espécie de Chico Anísio britânico, criou a engraçadíssima personagem hrh (abreviação de Her Royal Highness), notória pelo esnobismo e crueldade com que tratava as demais pessoas, com modos e aparência que emulavam de forma pouco disfarçada a irmã de Sua Majestade. Uma vez, Elizabeth Taylor compartilhava, em um jantar, a mesa com várias pessoas, entre elas a princesa. Taylor usava seu famosíssimo anel com o avan­tajado diamante Krupp que lhe dera o marido, Richard Burton. A certa distân­cia, a princesa comentou que o anel era tacky (cafona). Taylor tirou o anel do dedo e começou a passá-lo de mão em mão para que fosse admirado. Chegou até a princesa, que o colocou no dedo e passou a contemplá-lo. Enquanto ela se deleitava com o diamante no dedo, Elizabeth Taylor comentou alto, para que a princesa e os outros ouvissem: “Agora deixou de ser cafona, não é?”.

O Dr. Yutaka Kubo, icônica figura da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP), beirando os seus 80 anos, pediu-me, quando eu ainda era um jovem analista, que organizasse um grupo de analistas jovens para conversar com ele sobre psicanálise. A conversa seria livre e sobre os temas que surgissem na hora dos encontros. Disse que queria ouvir os jovens, pois achava importante se renovar. No primeiro encontro, uma colega apreensiva indagou-lhe se precisaríamos lhe pagar algo pela experiência. Kubo retrucou: “Se alguém tivesse que pagar, eu é que teria de fazer isso, pois sou eu que quero ouvi-los para me renovar”. Nossos encontros brincantes, sem uma “autorida­de” constituída, seguiram até quando a saúde do Dr. Kubo deteriorou-se e inviabilizou sua participação, para nosso grande pesar.

Em minha análise com o Dr. José Longman, analista didata da SBPSP, falecido em 1994, muitas vezes eu me via perplexo diante daquilo que eu ou ele falávamos. Ele costumava dizer que, se eu ou ele ou ambos não estávamos entendendo o que estava sendo dito, isso não tinha importância – “a conversa entende”. E assim seguíamos. A conversa era o vínculo, aquilo que nos ligava. Também dizia: “O assunto não tem importância. O que tem importância é con­versar!”. Considero ser essa dimensão “brincante” que faz a ligação, a sinapse. Como ressalta Bion, o importante não são os objetos relacionados, mas o que está entre eles, a relação. E brincar nesse contexto analítico, assim como no teatro ou num jogo de crianças ou de futebol, é uma coisa muito séria também.

Achei necessário assinalar quem eram essas pessoas que há algumas décadas eram figuras notórias de nossa Sociedade, e que em princípio dispen­sariam qualquer apresentação, porque o tempo as joga no esquecimento, e as novas gerações podem não fazer ideia de quem tenham sido. Muitos sequer ouviram falar em seus nomes. Volta e meia uso como modelos em análise ou em seminários situações acontecidas ou filmes com grandes estrelas do cinema do passado, e as novas gerações perguntam: “Quem?”. “Nós que aqui estamos por vós esperamos” diz a placa de entrada de um cemitério. Logo, também estaremos reduzidos a pó. O próprio planeta, o sistema solar, a galáxia vão acabar. Qual é, de fato, o valor da nossa necessidade de sentir que somos importantes? Dá para brincar durante nossa breve existência?

No belíssimo poema a seguir, Shelley fala de nossa irrelevante transito­riedade, que para mim implica no valor de brincarmos na única vida que real­mente sabemos ter, ou se na necessidade de ser importante ou de ter a ilusão de ser importante, gastamos nossa existência para sermos percebidos como tais. Como fez Aquiles, que trocou a chance de uma vida longa e próspera, que em seguida seria esquecida, por aquela de maior de todos os heróis, que para sempre seria lembrado (ao menos, pelos que tivessem a disponibilidade de ler a Ilíada), mas com uma vida muito curta, sendo morto em batalha no auge da juventude. Encontrado como uma sombra no Hades por Ulisses, disse a este que preferia ainda estar vivo sendo o último dos escravos a ser rei no meio daquelas sombras. Esse é o drama de quem se leva demasiado a sério e perde a chance de brincar com os companheiros?

Encontrei um viajante vindo de uma antiga terra
Que me disse: – Duas imensas e destroncadas pernas de pedra
Erguem-se no deserto. Perto delas, sobre a areia
Meio enterrado, jaz um rosto despedaçado, cuja carranca
Com lábio enrugado e sorriso de frio comando
Dizem que seu escultor soube ler bem suas paixões
Que ainda sobrevivem, estampadas nessas coisas inertes,
A mão que os escarneceu e o coração que os alimentou.
E no pedestal aparecem estas palavras:
“Meu nome é Ozymandias, rei dos reis:
Contemplai as minhas obras, ó poderosos, e desesperai-vos!”.
Nada mais resta: em redor a decadência
Daquele destroço colossal, sem limite e vazio
As areias solitárias e planas se espalham para longe.[1]
(“Ozymandias”, 2020)

Neste número, o penúltimo de nossa editoria, seguem-se os trabalhos temáticos de Cecil José Rezze, Bernardo Tanis, Marlene Rozenberg, Berta Hoffmann Azevedo, Paulina Cymrot, Mirian Malzyner, Claudia Mazzini Perrotta e Tânia Corghi Veríssimo. Esses trabalhos são precedidos pelo relato histórico de Maryse Choisy, que nos conta sua experiência de três encontros analíticos com Freud na década de 1920. Faço a ressalva de que Cecil José Rezze não considerava seu trabalho propriamente adequado ao tema, que gostaria de estudar com mais afinco, mas a equipe editorial considerou que era muito relevante e pertinente, como uma estrada que vai sendo aberta. Finalmente, estão os trabalhos não temáticos de Raul Hartke e Edu Martins; João Carlos Braga e Paulo Cesar Sandler.

Boa leitura a todos!

Referências

Ozymandias. (2020, 3 de agosto). In Wikipédia. https://tinyurl.com/5ye8s7eb

Proust, M. (1954). À la recherche du temps perdu (7 vols.). Gallimard. (Trabalho original publi­cado entre 1913-1927)

Tolstoi, L. (1972). Guerre et paix (2 vols.). Le Livre de Poche. (Trabalho original publicado em 1865-1867)

[1]

No original: “I met a traveller from an antique land/ Who said: – Two vast and trunkless legs of stone/ Stand in the desert. Near them on the sand,/ Half sunk, a shatter’d visage lies, whose frown/ And wrinkled lip and sneer of cold command/ Tell that its sculptor well those passions read/ Which yet survive, stamp’d on these lifeless things,/ The hand that mock’d them and the heart that fed./ And on the pedestal these words appear:/ ‘My name is Ozymandias, king of kings:/ Look on my works, ye mighty, and despair!’/ Nothing beside remains: round the decay/ Of that colossal wreck, boundless and bare,/ The lone and level sands stretch far away”.

História

Temáticos

O estímulo inicial para o estudo deste tema – prazer autêntico – proveio de vivências clínicas de uma cliente que afirmara que o autor precisava da dor para trabalhar. Ele ressalta que o prazer autêntico surge clinicamente como possibilidade que complementa a dor, o que se insere no conceito universal de que prazer e dor fazem parte da existência humana. O prazer autêntico não é um estado de contemplação, embora possa sê-lo; não é um estado de êxtase, embora possa sê-lo; não é um estado de dor, embora possa sê-lo; não é um insight, embora possa sê-lo. Esses fatos desencadearam a necessidade de precisar o conceito de prazer, no que o autor foi acompanhado por Platão, que nega sua importância, e Aristóteles, que o destaca como essencial à vida feliz. Muitos séculos depois, Baumgarten introduz a sensibilidade nos estudos filosóficos. Kant enfatiza que o sentimento de prazer, por ocasião do encontro com uma representação bela, é desinteressado, universal, final e necessário. A apreensão do belo introduz a dimensão estética desde o nascimento, como elemento essencial ao desenvolvimento mental. Na atualidade, a psicanálise entrelaça os conceitos de prazer e prazer autêntico, estética e arte, no que vai requerer nosso extremo interesse.
Palavras-chave: prazer, dor, estética, desinteressado, arte

O autor busca esclarecer a ideia winnicottiana de que a psicoterapia se efetua na sobreposição de duas áreas do brincar, a do paciente e a do terapeuta, de modo que o brincar não se restringe ao brincar infantil, mas está na raiz dos complexos processos do vir a ser, e como tal é um elemento constitutivo de todo e qualquer processo analítico. Endossa a perspectiva de que o brincar, ao lado do sonhar, constitui um dos dois processos fundamentais que promovem a capacidade de representação, simbolização e criatividade – criatividade compreendida no contexto como criação do mundo objetal e da própria experiência de existir.
Palavras-chave: brincar, simbolização, ato, sonho, criatividade

A autora apresenta pensamentos e articulações sobre a experiência e a presença do brincar na vida e na sala de análise. Selecionou aspectos como associações livres, singularidade e escolha de objeto, presentes e fundamentais no viver criativo e na relação analista-analisando. Refere-se a Winnicott, Bollas, Civitarese e outros autores para ampliar as reflexões a respeito desse tema.
Palavras-chave: brincar, objeto evocativo, objeto lírico, associação livre

A autora aborda as aproximações entre paixão e loucura, destacando o vínculo com a experiência primordial de indiscriminação e transbordamento que toca a ambas. Aponta, além disso, os efeitos das estratégias de conjuração dessas vivências na clínica limite. A partir da experiência clínica de transferência passional desencadeada pelo efeito desorganizador de uma paixão amorosa, a autora utiliza contribuições de Freud, André Green, Piera Aulagnier, Joyce McDougall e J.-B. Pontalis, e as articula com as obras literárias Paixão simples, de Annie Ernaux, e Bartleby, de Herman Melville.
Palavras-chave: paixão, loucura, trabalho do negativo

A autora apresenta experiências de sua prática clínica em consultório, de sua análise pessoal, da vida cotidiana, com o intuito de destacar que os movimentos psíquicos elaborativos podem ser favorecidos através da experiência intersubjetiva, que se utiliza do humor que desconcerta, surpreende, emociona e faz pensar; que não banaliza o sofrimento; que considera a perseguição e a compaixão, a evasão e a aproximação da condição humana.
Palavras-chave: humor, movimentos elaborativos

Neste texto, a autora procura apresentar variações em torno do brincar e da criatividade na clínica do psicanalista, com especial atenção ao vértice estético, expresso na linguagem poética e metafórica. Faz um exercício de expressar suas ideias de modo pessoal, embasada em teorias psicanalíticas conhecidas.
O conceito de transicionalidade em Winnicott permeia as articulações com outros autores da psicanálise e com a imagem vinda da literatura do País do Entre, da escritora Olga Tokarczuk.
Palavras-chave: brincar, criatividade, transicionalidade, linguagem poética

A autora apresenta uma leitura do filme Minhas tardes com Margueritte, ancorada em psicanalistas que ressaltam a importância de receber com hospitalidade, na clínica, a criança que habita o adulto adoecido. Enfatiza a oferta do brinquedo-livro por parte de Margueritte – uma senhora de 90 anos, leitora assídua de literatura – a Germain, um homem de meia-idade, pouco letrado, identificado com a imagem de incapaz intelectualmente, que foi se consolidando em sua biografia. A partir do olhar benevolente de Margueritte e do reconhecimento das capacidades simbólicas e imaginativas de Germain, ele pôde revisitar e ressignificar situações traumáticas, em especial no que se refere à apropriação da palavra escrita, podendo assim voltar a brincar com esse objeto cultural. Mediante a desconstrução da narrativa e a descrição de fragmentos do filme, a autora propõe uma analogia com o fazer clínico psicanalítico, destacando a importância da ética do cuidado.
Palavras-chave: hospitalidade, ética do cuidado, palavra escrita, psicanálise

Através do diálogo entre as leituras de Freud e Derrida, a autora pretende focalizar a brincadeira historicamente mais abordada pelos psicanalistas e pela teoria psicanalítica: o jogo do carretel, o conhecido fort-da. Derrida será tomado como autor capaz de provocar a psicanálise e os psicanalistas em sua leitura clássica da teoria freudiana, fazendo ressoar novas traduções à prática de nosso ofício. Pensaremos suas provocações como brincadeiras lançadas ao recorte teórico clássico da cena do carretel apresentado em Além do princípio do prazer. Como Freud teorizou a respeito do carretel e como nós, psicanalistas, teorizamos atualmente? Qual é nossa leitura desse brincar e como a leitura de Freud embasaria nossa prática clínica? Como Derrida, leitor questionador de padrões homogêneos de compreensão de trabalhos freudianos, o leu afinal? Em que sua tradução do fort-da infletiria sobre nossa prática? O que extrair da leitura de ambos?
Palavras-chave: fort-da, Sigmund Freud, Jacques Derrida, brincar, além do princípio do prazer

Artigos

A canção “Beatriz”, composta por Edu Lobo e Chico Buarque, é considerada pelos autores deste trabalho um exemplo particularmente exitoso de transformação simbólica de uma experiência emocional impactante, compatível com a linguagem de consecução descrita por Bion. Os autores destacam e comentam os recursos poéticos e musicais utilizados pelos compositores para alcançar tal expressão. Apresentam alguns conceitos fundamentais da linguagem musical, bem como da teoria do objeto estético, de Donald Meltzer, sob cujo vértice organizam as considerações psicanalíticas. Buscam, com isso, uma fertilização mútua entre a psicanálise e a música no que diz respeito ao trabalho de transformação simbólica das experiências emocionais.
Palavras-chave: Beatriz, O Grande Circo Místico, linguagem de consecução, objeto estético, linguagem musical

Este estudo foi realizado após o autor observar que a teoria das transformações, conforme articulada por Bion em 1965, não recebeu o reconhecimento proporcional ao seu status como um ponto crucial na estrutura teórica bioniana. Apesar dos desafios inerentes à compreensão e ao aproveitamento dos benefícios desse trabalho seminal de Bion, ele se apresenta como um repositório inestimável de seus esforços para aumentar nossa compreensão sobre o funcionamento da mente humana. O texto está notavelmente repleto de observações profundas e propostas práticas relevantes para a prática clínica. Ao longo das últimas duas décadas, a admiração do autor por essa teoria tem se aprofundado, a ponto de agora considerá-la seu principal ponto de referência no campo da prática clínica psicanalítica. A forma como ele aplica essa teoria é resumida em uma tabela que categoriza os vários grupos de transformações, complementada por ilustrações clínicas.
Palavras-chave: teoria das transformações, grupos de transformações, teoria das transformações na prática clínica, Bion

O autor propõe um estudo transdisciplinar sob o vértice psicanalítico, abrangendo uma história da ideias na civilização e a teoria da ciência, para considerar algumas origens sociais e intrapsíquicas dos investigadores na ciência e na psicanálise. Seu intuito é firmar com menor imprecisão a qualificação científica da psicanálise, periodicamente questionada, tanto por acadêmicos quanto, na atualidade, por membros do movimento psicanalítico.
Palavras-chave: psicanálise, teoria da ciência, linguística, epistemologia, realidade material e psíquica

Resenhas