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Volume 57 nº 2 - 2023 | A criança e os pais (segunda parte)

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Editorial

O tema proposto pela editoria da RBP teve grande repercussão entre os colegas, e recebemos uma quantidade considerável de artigos que o aborda­ram, o que nos levou a desdobrar a publicação: em vez de um número, dois.

Nossas origens estão sempre no cerne de nossas questões mais profundas. Considero, juntamente com alguns colegas próximos, que toda investigação cósmica ou biológica sobre onde e como tudo começou está sempre relacionada à curiosidade associada à cena primária (o Big Bang?). Quem foram nossos pais? O que aconteceu para estarmos aqui? “– O que é aquilo papai? – É um elefante. – Por que ele é um elefante? – Porque o pai dele também era um elefante. – Por que o pai dele era um elefante?”… E a indagação pode ir ao infinito.

Freud pôs a situação edípica no cerne de toda a dinâmica psíquica humana. Nos Três ensaios (1905/1969c), ele destacou a curiosidade sobre nossas origens (cena primária), o que se manifesta desde o início.

Para Bion (1962/1977b), a formulação da teoria do complexo de Édipo feita pelo pai da nossa ciência era fraca, não em sua relevância (sempre viu nela o principal pilar da psicanálise), mas por carecer de suficiente abstração para alcançar novas realizações em contextos aparentemente distantes, pois estaria demasiado atrelada aos elementos sensoriais do mito e da tragédia,1 que serviram de fato selecionado para que Freud apreendesse os elementos constantemente conjugados às situações que observava em sua clínica.2

Ao propor que o ponto nodal do problema do personagem Édipo seria sua arrogância e a dificuldade de desenvolvimento para pensar ligada à intole­rância à frustração, levando adiante a proposta de Freud (1911/1969a) dos dois princípios do funcionamento mental, Bion (1963/1977a) elaborou sua famosa grade com os elementos de psicanálise que evidenciariam as dimensões não sensoriais da situação edípica, permitindo que ela fosse percebida na maneira peculiar de caminhar de um paciente, num gaguejar ou numa dificuldade de aprendizado formal ou de leitura. Pela relação entre continente e contido – uma nomenclatura mais abstrata para o par feminino-masculino e sua expres­são de forma “algébrica” pelos símbolos ♀♂ –, seria possível verificar a situa­ção edípica nos atritos que um analisando “precisa” criar com seu analista ou com seu desenvolvimento pessoal, no relacionamento consigo mesmo e com seus colegas de trabalho ou familiares, em que todo acasalamento é atacado e perturbado, na impossibilidade de permitir que uma palavra se junte com outra numa relação contínua e coerente, ou que uma letra pareie com suas vizinhas e venha a ter filhos (sentidos), e assim por diante.3

Maud Mannoni, em L’enfant arriéré et sa mère (1964), ressalta a neces­sidade de os pais tornarem os filhos depositários das perturbações do grupo familiar e a frequência com que os atendimentos de crianças costumam ser interrompidos à medida que a criança se desenvolve, deixando de ser o bode expiatório (essa expressão é minha, não dela) dos pais, que acabam se desor­ganizando e revelando seus próprios problemas graves.

As relações de crianças com os pais também podem ficar evidentes na “necessidade” de líderes carismáticos e autoritários, um timoneiro, um Führer, um duce e congêneres, que guiam seus filhos/crianças dando-lhes certezas e ga­rantias, evitando que angústias profundas da percepção da condição humana, em que a ausência de garantias e certezas é a constante, se evidenciem.4 Durante a Revolução Francesa, foi necessário um tempo para que se concebesse um mundo em que não existissem um rei e uma rainha. Somente em 1793, após quatro anos da Queda da Bastilha, foi levada a cabo a execução de Luís 16 e, pouco depois, a de Maria Antonieta. No início, tentou-se organizar uma mo­narquia constitucional aos moldes da britânica, que era parlamentarista, mas a conspiração dos monarcas, despojados do poder absoluto, para que potências estrangeiras invadissem o país e desfizessem as conquistas da revolução levou à sua captura em Varennes (ao tentarem fugir da França), à extinção da mo­narquia, à prisão no Templo e depois na Conciergerie (para a rainha viúva), e à guilhotina. O mesmo se deu na Rússia com a queda do czar: os mujiques se viram atordoados ao se depararem com uma existência sem o “paizinho”. Em um viés psicanalítico,5 poderíamos considerar que a dificuldade de estar em um mundo sem figuras ungidas por Deus levou a própria França de volta ao mundo monárquico, com Napoleão se coroando imperador, depois à restauração dos Bourbon, com Luís 18 e Carlos 10º,6 e a um breve período de revogação da mo­narquia, para logo outra ser instituída com Luís Felipe e os Orléans. Com a queda desse último em 1848, seguiu-se um brevíssimo período republicano, no qual o presidente deu um golpe de Estado para se tornar o imperador Napoleão 3º em 1852. Somente no começo da década de 1870, após a Guerra Franco-Prussiana e a Comuna de Paris, que incendiou o palácio das Tulherias, o imperador foi exilado e a república finalmente tornou-se a forma de governo em que a figura do pai-imperador-rei foi definitivamente afastada naquele país.

Mais recentemente, vimos a rebeldia dos jovens nas manifestações de maio de 1968, em Paris, que repercutiram pelo mundo ocidental, num esforço para afrouxar as tensões de uma sociedade patriarcal extremamente hierar­quizada, autoritária e conservadora, da qual o general De Gaulle era a repre­sentação emblemática. Em contraponto, também nos deparamos, em outro extremo, com os excessos em sentido contrário, quando se tenta desvirtuar e facilitar as formações universitárias e de pós-graduação, com os formandos ainda sem suficiente experiência e conhecimento querendo determinar o que é necessário e desnecessário para sua qualificação, sem levar em conta a ex­periência de seus decanos, numa iconoclastia pouco refletida. Um importante e renomado professor de cardiologia de uma das mais importantes universi­dades do Brasil, há pouco tempo me disse que, ao propor a residência em sua área, muitos se inscreviam. Entretanto, ao se depararem com a extensa biblio­grafia e a disciplina de trabalho requisitadas, poucos efetivavam a matrícula, enquanto o restante ia fazer “relações públicas” pelos corredores da faculdade, na tentativa de pular etapas e rapidamente assumir funções de poder. Ele teme pelo tipo de medicina que se imporá em breve com esse tipo de “qualificação”. Está evidente, nesse contexto, a expressão da situação edípica em que os filhos querem se apoderar da condição dos pais e da casa deles sem terem alcançado a real condição para sustentá-la de forma consistente.

Neste número 2 de A criança e os pais, contamos com os trabalhos te­máticos de Gina Khafif Levinzon, que discorre sobre a importância do conhe­cimento das origens na análise de pessoas adotadas; Helga de Souza Machado Quagliatto et al., que procuram iluminar o entrelaçamento das ações do trauma Aparecida Cilurzo Neto, que apresenta o atendimento de uma criança em que, “através das confidências e das inconfidências vividas dentro e fora do campo analítico, … vão sendo revelados núcleos psíquicos de dor carregados de auto e heteroagressividade mortífera”; Fátima Maria Vieira Batistelli, que relata a ex­periência com uma criança com transtorno de espectro autista de 2 anos e meio de idade; Cristiane da Silva Geraldo Folino et al., que construíram um artigo com base na experiência de um grupo de observação de bebês, o qual, ao iniciar essa atividade, sofreu o impacto do isolamento social imposto pela pandemia de covid-19; Martha Pereira Almeida Pinedo e Rosa Maria Tosta, que visam compreender o papel do ritmo no processo de subjetivação do bebê; e Camila Young Vieira e Marina F. R. Ribeiro, que consideram que o conceito de campo dinâmico e intersubjetivo instrumentaliza a clínica da infância.

Os não temáticos são os instigantes trabalhos “Bion e as cesuras entre o Homem do Subsolo, de Dostoiévski, e o Homem ao Relento, de Beckett”, de Luiz Carlos Uchôa Junqueira Filho, sobre as cesuras vividas por ambos os personagens na busca do amor verdadeiro, e “Pensamentos em transição”, de Maria Helena de Souza Fontes, construído a partir de reflexões fomenta­das pelos desenvolvimentos desconcertantes da inteligência artificial e pelas vantagens do método psicanalítico para lidar com angústias acrescidas pela complexidade do mundo neste momento de transição.

Uma boa leitura para todos.

 

Referências

Bion, W. R. (1977a). Elements of psychoanalysis. In W. R. Bion, Seven servants: four works by Wilfred R. Bion. Jason Aronson. (Trabalho original publicado em 1963)

Bion, W. R. (1977b). Learning from experience. In W. R. Bion, Seven servants: four works by Wilfred R. Bion. Jason Aronson. (Trabalho original publicado em 1962)

Freud, S. (1969a). Formulações sobre os dois princípios do funcionamento mental. In S. Freud, Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (J. Salomão, Trad., Vol. 12, pp. 237-246). Imago. (Trabalho original publicado em 1911)

Freud, S. (1969b). História de uma neurose infantil. In S. Freud, Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (J. Salomão, Trad., Vol. 17, pp. 19-132). Imago. (Trabalho original publicado em 1918)

Freud, S. (1969c). Três ensaios sobre a teoria da sexualidade. In S. Freud, Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (J. Salomão, Trad., Vol. 7, pp. 118-228). Imago. (Trabalho original publicado em 1905)

Mannoni, M. (1964). L’enfant arriéré et sa mère. Seuil.

 

1 Da mesma forma, Freud (1918/1969b) teria ficado atrelado à “factualidade” da observação do coito dos pais que supôs e insistiu ter acontecido ao Homem dos Lobos para ressaltar a relevância da cena primária. A ligação íntima entre a teoria formulada e os dados sensoriais da narrativa teria dificultado aos antropólogos na Polinésia o reconhecimento da universalidade da situação edípica, ao não encontrarem um interdito explícito de incesto de filho com mãe – havia interdição evidente de relacionamentos incestuosos com outros parentes.

2 O fato selecionado, termo que Bion emprestou do físico, matemático e filósofo da ciência Henri Poincaré, é algo que, quando percebido, dá coesão e sentido a muitos dados observados, cuja correlação até então não havia sido verificada – o mito de Édipo permitiu a Freud “enxergar” o complexo de Édipo. Segundo Bion, corresponde em outras palavras à experiência descrita por Melanie Klein como a passagem da posição esquizoparanoide para a depressiva, quando o seio mau e o seio bom são percebidos como o mesmo e único objeto, sendo notados os elementos em comum entre eles e o reconhecimento de amor e ódio direcionados ao mesmo objeto.

3 Ataques à situação edípica ou até à preconcepção edípica. Nesse último predominaria, na personalidade do bebê ou do paciente, uma violenta inveja constitucional.

4 Uma ex-funcionária de pessoas próximas entrou para uma ordem religiosa e tornou-se freira. Quando tomou o hábito, uma conhecida sua indagou-lhe se estava feliz. Ela respondeu que estava muito contente, pois daquele dia em diante não precisaria mais pensar; a madre superiora lhe diria tudo o que precisasse fazer ou pensar.

5 Não me proponho reduzir os fatos somente a essa concepção, mas expor uma leitura possível deles.

6 Em cujo reinado sua sobrinha Maria Teresa de França, única filha sobrevivente de Luís 16 e Maria Antonieta, casou-se com seu filho, o delfim, e tornou-se, por conseguinte, delfina. Com a abdicação do sogro e tio Carlos 10º, durante cerca de 10 minutos, tornou-se tecnicamente rainha da França, até que o marido e primo assinasse, relutantemente, a própria abdicação ao trono.

 

Temáticos

A autora discute a importância do conhecimento da própria origem como parte do processo de formação da identidade de pessoas adotadas. A situação de descontinuidade entre o contato com os genitores e a vida no mundo adotivo pode provocar sentimentos de insegurança e estranheza, assim como buracos psíquicos no olhar para si mesmo. Saber da história mais primitiva permite criar elos entre partes essenciais do adotado. A autora considera um caso clínico em que a criança se angustiava muito por não ter nenhuma informação sobre seu passado, e isso resultava num vazio devastador dentro dela. O manejo técnico abriu espaço para ela “sonhar” sua história juntamente com a analista, construindo uma narrativa sobre sua história pessoal e sobre uma parte de si mesma, com grande alívio.
Palavras-chave: identidade, adoção, narrativa pessoal, técnica psicanalítica, sonhos

As tragédias evocadas nos mitos gregos de Narciso e Édipo guardam correlações íntimas com algumas tramas familiares na contemporaneidade. Nessas condições dramáticas, o analista se depara, na clínica psicanalítica da infância, com o sofrimento psíquico em uma zona comum intrafamiliar, que transita entre o desamparo e a onipotência. As autoras pretendem lançar feixes de luz no entrelaçamento entre as ações do trauma e o caráter híbrido das fantasias inconscientes geradoras de crenças subjetivas, para que o analista, realizando um trabalho de “calibragem” e mantendo seu estado de presença viva nas sessões, encontre, em meio aos escombros da mente, nos ruídos do trauma e na dor genuína, possibilidades de simbolização.
Palavras-chave: psicanálise com crianças, pais e filhos, estados mentais arcaicos, traumas, crenças subjetivas

Neste estudo clínico-teórico, a autora analisa as manifestações psíquicas e corporais desencadeadas em uma criança por conteúdos psíquicos perturbadores de base transgeracional, que por sua pungência não puderam ser mentalizados ou decodificados simbolicamente. Para tanto, apresenta a trajetória analítica vivida por uma dupla criança-analista no período de dois anos e meio de atendimento. Mediante o cotejo da dupla analítica de camadas psíquicas arcaicas e enrijecidas, surge o objeto perturbador de conotação familiar ao qual Freud denomina o estranho. Através das confidências e das inconfidências vividas dentro e fora do campo analítico com o paciente e sua mãe, vão sendo revelados núcleos psíquicos de dor carregados de auto e heteroagressividade mortífera, externalizados por meio da paralisação da capacidade simbólica, da desmentalização e de angústias avassaladoras evacuadas no corpo.
Palavras-chave: fronteiras psíquicas, criança, herança transgeracional, distúrbios psicossomáticos, estranho/familiar

A partir do relato da experiência psicanalítica vivenciada com uma criança de 2 anos e meio de idade, com diagnóstico de transtorno do espectro autista, a autora mostra como esse tipo de atendimento põe o analista em contato, de forma vivencial, com muitas sutilezas e malabarismos da mente, do desenvolvimento psíquico e da construção de um mundo interno, que em outras situações apenas teríamos como teoria. Ao mesmo tempo, o analista que se dispõe a esse trabalho se vê às voltas com a necessidade de assumir funções específicas e diferenciadas daquelas tradicionalmente presentes em análise infantil, sem no entanto perder o seu referencial psicanalítico.
Palavras-chave: autismo, psicanálise, criança, intersubjetividade

As autoras constroem o artigo a partir da experiência de alunos e pro­fessores do curso Relação Pais-Bebê: da Observação à Intervenção, no Instituto Sedes Sapientiae, São Paulo, durante o ano de 2020, em meio ao confinamento requerido pela pandemia de covid-19. A prática do método Esther Bick é a fer­ramenta de desenvolvimento da continência interna dos alunos, mas a situação pandêmica e o distanciamento social impossibilitaram realizar a observação das famílias em suas residências, pondo em xeque uma de suas principais atividades. As autoras descrevem o processo de gestação da capacidade de observar e conter os afetos despertados ante o susto e a sensação de desamparo desencadeados pela crise sanitária – processo que propiciou ao grupo experiências criativas através da escrita –, bem como a alternativa de observação virtual em caráter experimental, que ganhou status de pioneirismo, ampliando o método para novas possibilidades e aplicações.

Palavras-chave: observação de bebês, pandemia, criatividade, observação psicana­lítica, método Esther Bick

As autoras procuram compreender o papel do ritmo no processo de subjetivação do bebê. Com base no método de observação de bebês de Esther Bick, acompanharam dois casos de pais e seus bebês no primeiro ano de vida. Os resultados foram agrupados em três eixos rítmicos: corporal, vocal e lúdico. As observações evidenciaram que a coconstrução de um ritmo entre mãe/pai-bebê – partindo do respeito ao ritmo do recém-nascido – favorece significativamente o processo de subjetivação do bebê, bem como o desenvolvimento do vínculo entre a dupla.
Palavras-chave: ritmo, processo de subjetivação, relação mãe/pai-bebê, corpo,
método Esther Bick

A experiência clínica de análise com crianças expõe o analista a um campo de forças que envolve o paciente e seu entorno. Nesse contexto, privilegiar a circularidade da escuta analítica significa conter os elementos transferenciais e contratransferenciais no campo em uma trama complexa que envolve a criança e, de acordo com a situação, os pais, os irmãos e os profissionais da escola e de saúde. O conceito de campo analítico, de Madeleine e Willy Baranger, ganha lugar na psicanálise contemporânea ao tecer seus fundamentos na porosidade do interjogo do par analista-analisando, permeado por conteúdos conscientes e inconscientes, fantasias e baluartes, que produzem impasses-transformações na análise. Para mostrar isso, as autoras apresentam um fragmento clínico de uma sessão familiar realizada numa análise de criança, na qual os elementos experienciados no campo conferem uma narrativa que contribui para a análise. Por fim, consideram que o conceito de campo dinâmico e intersubjetivo instrumentaliza a clínica da infância.
Palavras-chave: campo analítico, análise de criança, manejo, fantasia compartilhada

Artigos

Neste trabalho, o autor inspirou-se na constatação de condições existenciais muito próximas entre o Homem do Subsolo, de Dostoiévski, e o Homem ao Relento, de Beckett, em especial das cesuras vividas por ambos na busca do amor verdadeiro. Considerando-se as mudanças catastróficas advindas das idiossincrasias deles, o leitor é induzido a imaginar qual poderia ter sido o destino de cada uma dessas peculiares personalidades.
Palavras-chave: Homem do Subsolo, Homem ao Relento, cesura, mudança catastrófica

Em 1926, H. P. Lovecraft já alertava para o risco de a aceleração do conhecimento produzir um retrocesso à ignorância, causado pela incapacidade da mente humana de processar o acréscimo de saberes. O Chatgpt, com sua ampliação infinitesimal da capacidade de relacionar conteúdos de diversas áreas, surge como a realização da ameaça de desencadear turbulência incontrolável na sociedade humana. A autora relaciona esse temor à resistência à psicanálise, tanto por parte dos analisandos quanto dos próprios analistas. O método psicanalítico se mostra vantajoso para lidar com as angústias acrescidas pela complexidade do mundo, neste momento de transição, na medida em que se baseia na continência à turbulência provocada por ansiedades catastróficas, ativadas no encontro psicanalítico, possibilitando alcançar um significado. A autora concorda com o ensaísta James Bridle, que sugere uma aproximação às linguagens contemporâneas e à tecnologia, e no texto traça um paralelo entre a atualidade literária da linguagem de Bion em Uma memória do futuro e a linguagem cinematográfica do filme Tudo em todo o lugar ao mesmo tempo. Essa aproximação auxiliaria o analista a exercer a capacidade de pensar a realidade interna e externa. O pensamento seria o antídoto à nova idade das trevas.
Palavras-chave: resistência à psicanálise, Uma memória do futuro, Chatgpt, intimidade, complexidade

Resenhas