Sumário (Clique nos títulos para acessar editorial ou resumos disponíveis)
Mas como devemos abrir espaço para este tédio inicialmente inessencial e
inapreensível? Somente através do fato de não estarmos contra ele,
mas de nos aproximarmos dele e de deixarmos que ele nos
diga o que quer afinal, o que passa com ele afinal.
(Martin Heidegger)
Caros leitores e colaboradores,
O processo de montagem deste número sobre Tédio ocorreu num compasso de espera por artigos que não chegavam, diferentemente do número anterior – Famílias –, que se mostrou farto de trabalhos, quase pedindo uma nova seção, que bem poderia se chamar “Ainda famílias”.
Nesse vazio de artigos temáticos sobre o tédio, decidimos enviar uma carta-convite estimulando os colegas a pensar sobre o tema:
Tédio, melancolia, depressão, vazio existencial, ócio… As ciências humanas, incluindo a psicanálise, são convocadas a investigar e compreender com mais profundidade a presença desse nada na vida do sujeito contemporâneo.
Apesar de não ser exclusividade da subjetivação pós-moderna, o tédio tornou-se
uma forma recorrente, chegando aos nossos consultórios pela queixa do sentimento
de falta de sentido diante da vida, de latência do tempo e de vazio espacial.
Como entender o conceito de tédio em sua especificidade a partir das transformações
radicais do processo cultural e social que forma o solo do momento histórico de nossa civilização, com a mudança em instituições como a família e em noções como a de gênero, com a globalização, com as novas tecnologias etc.?
Tédio é um tema que carrega muitas possibilidades de estudo: qual a diferença entre tédio, melancolia e depressão? O tédio, na contemporaneidade, pode ser entendido
como uma nova forma de sofrimento, uma nova patologia (não como nosologia
psiquiátrica, mas no âmbito da cultura)?
O convite teve um efeito surpreendente, e recebemos vários artigos – da teoria à clínica –, revelando que muitos psicanalistas estão envolvidos com pesquisas e investigações clínicas sobre as múltiplas formas e modalidades de tédio e seu manejo na clínica psicanalítica.
A escolha editorial para a abertura da seção temática, com os artigos “Entre lirismo e desespero”, de Pedro Salem, e “O tédio na sociedade do trabalho total e diversão total”, de Paulo Emilio P. L. Cabral e Ana Maria Loffredo, tem a finalidade de situar os sentidos do tédio numa perspectiva dos processos históricos, sociais e psíquicos, partindo da modernidade. Ambos os artigos examinam o tédio sob a ótica das relações sociais e psicanalíticas.
A abordagem do tema segue do mais geral para dentro da sala de análise e permite ao leitor trabalhar dialeticamente as noções de tédio apresentadas pelos diversos autores deste número.
Os próximos artigos são teórico-clínicos. Em “O tédio e a clínica do vazio”, Marion Minerbo trabalha com a questão do tédio na pós-modernidade, da crise das grandes instituições, delineando o território do mal-estar pós–moderno na clínica do vazio. A autora diz que “as formas de sofrer, em cada época e lugar, são consubstanciais às formas de ser” (p. 58) e cunha a noção de depleção simbólica, que permite “fazer a mediação entre a crise das instituições no nível social e o sofrimento psíquico individual” (p. 59). A reflexão psicanalítica implicada com sua época e lugar teve privilégio na montagem deste número, tendo em vista a indagação lançada pela carta-convite.
Os artigos “Do tédio à rêverie”, de Talya S. Candi, e “Tédio, luto e melancolia”, de Vera L. C. Lamanno-Adamo, vão direto para a sala de análise, contribuindo para o entendimento dos sentimentos de tédio na relação analítica, diferenciando-os de luto e melancolia, e examinam o tédio do analista na própria sessão.
O último artigo, “Tédio”, de Adriana Meyer B. Gradin e Luís Claudio Figueiredo, também aborda as diferenças entre tédio e melancolia. Afirma que o tédio é uma entidade nosológica autônoma e procura sistematizar três modalidades de tédio e seus possíveis manejos por parte do analista na clínica. Sustenta, numa afirmação mais categórica, que as modalidades de tédio que nomeia de tédio-defesa, tédio-branco e tédio-protesto “fazem parte de um campo maior, sendo exteriorizações de adoecimentos psíquicos por passivação” (p. 91). Ao ler esse artigo, o leitor recebe a notícia de que Figueiredo e Nelson Coelho Junior estão com um livro no prelo sobre o tema dos adoecimentos psíquicos por passivação.
A próxima seção, “Keynote papers”, é dedicada à cobertura do mais recente congresso da ipa, ocorrido em Buenos Aires, entre os dias 25 e 29 de julho deste ano, sob a temática Intimidade (Intimacy). A revista publica os três artigos que formaram o painel principal do congresso, cujos autores são o brasileiro Ruggero Levy, o casal sueco Björn Salomonsson e Majlis Winberg Salomonsson e a americana Adrienne Harris. Para quem não foi ao evento, vale conferir o material apresentado e discutido na Argentina.
O artigo que compõe a seção “Interfaces” é fruto das atividades preparatórias para o 26.º Congresso Brasileiro de Psicanálise, promovidas pela Febrapsi nas Sociedades federadas. A apresentação de Antonio Vargas em Florianópolis vem ao encontro do tema da revista, já que o Romantismo pode ser compreendido como um movimento precursor da noção de tédio. É enriquecedora a ampliação que Vargas faz ao assinalar a nostalgia e a morte como “mecanismos criativos que o romântico encontra para dar sentido a sua vida” (p. 174). A influência das condições sociais captada e engendrada pela cultura e arte nos remete à ideia de Freud da potência da psicanálise para captar o
mal-estar de uma época.
Em “Outras palavras”, procuramos dar o merecido espaço aos colegas Daniel Schor e Miguel Calmon du Pin e Almeida, cujos trabalhos já aprovados não puderam ser publicados anteriormente. Esse é um grande problema vivido nos bastidores de uma publicação, que exige dos editores um manejo sofisticado para ater-se à linha editorial e ao tema do número e, ao mesmo tempo, apresentar o máximo possível da produção de qualidade dos colegas desse imenso território brasileiro. É um desafio permanente para nós.
A seção “História da psicanálise” traz um artigo de Nelson Coelho Junior que abre uma nova perspectiva sobre como trabalhar com a ideia de história da psicanálise: não é uma história somente de fatos cronológicos; é antes uma história de ideias, construções e produção psicanalítica. “Um capítulo húngaro da história da psicanálise” traz essa perspectiva, que sintoniza com um dos objetivos que a equipe editorial gesta para essa nova seção.
“Projetos e pesquisas” inaugura o lugar para um tipo de trabalho que nossa gestão se propõe a valorizar – o trabalho psicanalítico institucional. O artigo de Josefa Maria Dias da Silva Fernandes, colega de São José do Rio Preto, conta a experiência de uma psicanálise implicada com o conhecimento psicanalítico de grupos e instituições e com a escuta psicanalítica de muitos pacientes que ainda são invisíveis e sem voz em nossa sociedade. Trata-se de um trabalho que confirma os desafios da psicanálise diante da
realidade social brasileira.
Por fim, podemos dizer que existe um movimento na psicanálise de, com pensadores de áreas afins, investigar o sentimento de tédio, construindo uma produção acurada sobre esse objeto de estudo.
Muitas questões surgem com a leitura dos artigos aqui publicados, como a afirmação de que o tédio é intrínseco à modernidade e à pós-modernidade, o que não deixa de ser intrigante. Ao refletir sobre os artigos no seu conjunto, nota-se uma tendência em aceitar que o surgimento da noção de tédio se deu no final do século XVIII.
Seria plausível, contudo, imaginar que outras formas de tédio existiram, talvez, desde a Antiguidade? A acídia, por exemplo, citada por alguns autores, foi investigada como uma “emoção de origem religiosa – reconhecendo-a como um antepassado remoto do tédio” (Salem, p. 22).
Lars Svendsen, em seu livro Filosofia do tédio, apura que há “escritos em Sêneca em que, através do conceito de tedium vitae (cansaço da vida), ele descreve algo que lembra muito o tédio moderno” (1999/2006, p. 22).
No último artigo da seção temática, como visto, Gradin e Figueiredo defendem que o tédio é uma entidade nosológica autônoma. Ou seja, há muito ainda a investigar sobre suas origens, expressões, modalidades, sentidos e psicopatologias.
Portanto, caro leitor, a partir da concepção do tédio como um elemento crítico e expressivo de algum mal-estar, a Revista Brasileira de Psicanálise, numa breve cartografia da produção psicanalítica, procurou mostrar as investigações que estão em curso, as reflexões, as questões e o aprofundamento desse tema tão instigante para o mundo em que vivemos. Boa leitura!
Referências
Svendsen, L. (2006). Filosofia do tédio (M. L. X. de A. Borges, Trad.) Rio de Janeiro: Jorge Zahar. (Trabalho original publicado em 1999)
Marina Massi
Editora
marinamassieditora@rbp.org.br
Partindo do pressuposto de que o tédio é uma construção social, o presente artigo procura evidenciar alguns de seus sentidos prevalentes ao longo da história recente do Ocidente. Após examinar emoções precursoras do tédio e os fatores que propiciaram o seu surgimento na modernidade, indica transformações em seus principais significados ao longo dos três últimos séculos. Faz notar como, no século xviii, o tédio se associa à ideia de fraqueza moral, transformando-se, sob a influência do romantismo no século xix, em uma emoção de teor lírico que confere distinção aos indivíduos. Já no século xx, tem seus sentidos ditados por aspectos do contexto sociocultural contemporâneo, sobretudo o culto às sensações. Por fim, o artigo recorre a interpretações psicanalíticas do tédio que examinam a importante função que desempenha no desenvolvimento infantil.
Palavras-chave: tédio, história das mentalidades, subjetividade contemporânea, psicanálise
O tédio será observado em sua alternância entre o desinteresse e a agitação. A hipótese é que ambos seriam complementares, em uma alternância cíclica e periódica, e que a fuga pelo trabalho ou pela diversão ainda configuraria uma expressão de tédio. Escapar do tédio ou a sensação de ser arrastado por ele podem também ser experimentados de maneiras diferentes, muito embora sejam a consequência de uma mesma dinâmica pulsional. Na sociedade atual, observa-se com certo espanto uma mesma resultante, conhecida há tempos pelos padres cristãos do medievo: a acídia é experimentada como a impossibilidade de fixar-se em coisa alguma, associada com a subsequente inércia e perda do interesse. As ações repetitivas, laborais, inúteis e distraídas configuram a perda da capacidade onírica e da criatividade. O tempo livre destituído da possibilidade do ócio ou ociosidade
mimetiza o tempo do trabalho e a fuga para o campo das atividades logo cede lugar ao tédio.
Palavras-chave: tédio, acídia, tempo livre
A autora aborda a relação entre o tédio, a clínica do vazio e a fragilidade das instituições no mundo contemporâneo. Diferencia aquele afeto da depressão e da mera insatisfação com a vida. Metapsicologicamente, o tédio corresponde ao que André Green chama de angústia branca, típica da clínica do vazio. Um fragmento clínico ilustra essa forma de sofrimento psíquico e o manejo possível.
Palavras-chave: tédio, patologias do vazio, angústia branca, depleção simbólica, pós-modernidade
A autora se dedica a refletir acerca das vicissitudes dos sentimentos de tédio na relação analítica, particularmente o tédio do analista em sessão. Seguindo Winnicott, propõe pensar que o tédio do analista é um elemento que serve para diagnosticar a indicação de psicanálise ou de psicoterapia. Ressalta a necessidade de diferenciar dois tipos de tédio: o primeiro tipo (tédio benigno) resulta de um tempo necessário de espera para que a angústia e os afetos presentes na sessão possam ser metabolizados e achar uma via de expressão; o segundo tipo (tédio maligno) é fruto do desligamento e da desesperança e requer um trabalho psíquico ativo do analista (uma rêverie). A autora utiliza material clínico para ilustrar os processos intersubjetivos ligados a esses dois tipos de tédio.
Palavras-chave: tédio, comunicação pré-verbal sem representação, intersubjetividade, evocação, rêverie
Para caracterizar o tédio, tanto uma paciente como o filósofo norueguês Lars Svendsen recorreram a um mesmo poema de Fernando Pessoa. Essa curiosa coincidência estimulou a autora a entender o tédio no campo da psicanálise e esboçar suas principais características. As formulações de Freud sobre luto e melancolia e o conceito de Bion sobre clivagem forçada fundamentam a investigação.
Palavras-chave: tédio, luto, melancolia, clivagem forçada
Neste artigo, defende-se que o tédio é uma entidade nosológica autônoma e que, apesar de existirem certas similaridades nas manifestações do tédio e da melancolia em alguns casos clínicos, há diferenças relevantes entre os dois. Sugere-se, ademais, que o tédio expressa-se sob diversas formas na clínica psicanalítica, propondo-se no artigo três modalidades de manifestação do tédio, que requerem diferentes manejos clínicos por parte do analista. Por fim, sustenta-se que estas modalidades de tédio fazem parte de um campo maior, sendo exteriorizações de adoecimentos psíquicos por passivação.
Palavras-chave: tédio, melancolia, tédio-defesa, tédio-branco, tédio-protesto
Partindo da ideia de que a vivência de intimidade é uma experiência emocional, o autor busca definir o que seria a intimidade na prática da psicanálise, como ela é construída na relação analítica, bem como os fatores que a possibilitam e aqueles que a impedem. O autor inicia fazendo considerações gerais a respeito da intimidade na vida, no ciclo vital e nas relações em geral. Chega à definição de que a vivência de intimidade é uma experiência emocional de contato consigo mesmo e com outro sujeito. A seguir foca no que seria a experiência de intimidade na relação analítica, entendendo que o encontro de dois sujeitos com suas subjetividades gera uma zona de turbulência emocional que, se tolerada, transformada simbolicamente e, portanto, pensada, pode levar a conhecer a intimidade das emoções de si mesmo e do outro. Assim, a emoção experimentada no contato com o outro sujeito é o elo entre os dois e aquilo que permite conhecer o que se passa no interior de si mesmo e daquele com quem estamos em contato. A seguir o autor propõe que
poderíamos pensar em um gradiente de experiências íntimas, não sendo possível nos dois extremos, no polo do isolamento autista e naquele da fusão narcisista, a experiência de intimidade. Na zona intermediária haveria graus diversos de intimidades possíveis. O trabalho prossegue, e é descrito o que seriam os tempos da intimidade, buscando fazer, para fins teóricos, uma microscopia de como se desenvolve o processo de construção da intimidade na relação analítica e os obstáculos que encontra. Finalmente, são apresentadas vinhetas clínicas com o propósito de ilustrar o que seriam, para o autor, experiências de intimidade na relação analítica, as ansiedades mobilizadas e algumas defesas contra ela.
Palavras-chave: intimidade, relação analítica, simbolização, campo analítico
O artigo é baseado em um único estudo de caso de uma mãe e sua filha, dos 5 meses aos 7 anos e meio desta. Elas participaram de um ensaio clínico aleatório durante o tratamento psicanalítico mãe-criança, o que incluiu um estudo de acompanhamento após 4 anos e meio. A menina fazia, então, psicoterapia infantil dos 6 aos 7 anos e meio. A mistura de contextos levou em conta entrevistas de pesquisa, gravações em vídeo das interações da dupla, outras avaliações, e anotações das sessões terapêuticas. Isto permitiu aos autores estabelecerem ligações conceituais entre as observações feitas por eles durante o início da infância da criança e o tratamento de uma neurose durante o período de latência, marcada por ansiedade, compulsões e prepotência. Eles argumentam que características de rispidez e imediatismo no relacionamento mãe-criança impediram o desenvolvimento da intimidade da menina. Com o propósito de compreender como tais aspectos do relacionamento se internalizaram na criança, os autores combinam várias fontes de dados das duas. O valor heurístico de cada é logicamente limitado e, deste modo, os autores defendem que são necessários tanto o entendimento psicanalítico quanto
a pesquisa empírica para chegar-se a um entendimento mais profundo das relações entre influência externa e desenvolvimento interno.
Palavras-chave: estudo longitudinal, ensaio clínico aleatório, apego, psicoterapia infantil
Este trabalho aborda intimidade desde seu surgimento no desenvolvimento e nos apegos de primeira infância, e na medida em que é parte da forma como identidades, gênero e sexualidade se estabelecem ao longo do desenvolvimento. Na parte final, como uma parte integrante da violência social, a intimidade é explorada em circunstâncias de racismo e da violência, de iniciativa do estado, cometida por meio de tortura. O que liga estes aspectos da intimidade e da vida íntima compartilhada é um compromisso com uma abordagem psicanalítica que considera o intrapsíquico e o intersubjetivo interagindo de modo poderoso e próximo. A intimidade tanto é algo extremamente pessoal e particular, quanto é profundamente impregnada de forças sociais e políticas. A intimidade assim considerada – ou seja, como profundamente individual e, ao mesmo tempo, como regulada
e constituída pelo Estado, pela cultura e pela família – aparece em diversas formações políticas, totalitárias, neoliberais e democráticas.
Palavras-chave: intimidade, apego, enigmático, regulação, violência social, tortura, sexualidade, gênero, tradução, conceitos nômades, vergonha, interpelação
Este artigo apresenta uma introdução às principais relações entre o Romantismo e os conceitos de nostalgia e morte, bem como seus desdobramentos e heranças nas concepções de arte e artista. O autor procura evidenciar que as singulares relações que os românticos elaboraram entre esses conceitos sobrevivem em sua influência, devido à permanência de determinadas condições sociais, cuja origem se encontra justamente na aurora desse movimento artístico e filosófico, transcendendo o território da arte para habitar o da cultura ocidental.
Palavras-chave: morte, vida, nostalgia, Romantismo, pulsões
Neste artigo, nós nos propomos a abordar aspectos essenciais dos modos pelos quais as memórias de experiências traumáticas são capazes de povoar a vida subjetiva, bem como suas formas de manifestação na situação analítica. A partir da distinção fundamental entre o modelo do recalque e o da clivagem psíquica, apoiada principalmente em nossas leituras de Freud e Winnicott, buscamos apontar possíveis dificuldades enfrentadas pelo sujeito em conferir às próprias experiências o caráter de um acontecimento, isto é, uma vivência passível de significação e localização como parte de uma história pessoal. Procuramos indicar, como uma das decorrências mais importantes desse quadro, o prejuízo da capacidade de autopercepção do sujeito enquanto protagonista de sua história.
Palavras-chave: trauma psíquico, temporalidade, experiência, simbolização
Nem todo desenvolvimento psíquico alcança suas formas mais elaboradas de vigência. Por vezes, o processo só se realiza aos pedaços, marcando o sujeito de forma particular. Partindo da consideração do traumatismo precoce, o trabalho articula três conceitos, a saber: homossexualidade primária, relação alérgica de objeto
e culpabilidade primária.
Palavras-chave: homossexualidade primária, relação alérgica de objeto, culpabilidade primária
Na história da psicanálise, podem ser reconhecidas descrições de algumas formas de adoecimento psíquico que ganham a capacidade de enrijecer e crescer, gerando verdadeiras interrupções nos processos de saúde, com regressões intensas e desorganizações psíquicas graves. Constituem-se, desse modo, adoecimentos psíquicos marcados por descontinuidades severas nos processos de saúde. Em alguns casos, tais interrupções ocorrem de forma muito radical e bem no início da vida, isolando uma área do psiquismo, deixando-a deserta. Não será difícil reconhecer nessa argumentação as bases do pensamento de Ferenczi (mas também de Spitz e Balint) sobre o traumatismo precoce e sua descrição clínica das defesas passivas, com sensações de estar afundando e morrendo.
Palavras-chave: história da psicanálise, passividade, Ferenczi, Spitz, Balint
O objetivo deste trabalho é apresentar a experiência da autora, uma psicanalista engajada no Grupo de Estudos e Atendimento Psicoterapêutico Social-Comunitário, idealizado em 2001 com base nas demandas do público rio-pretense e região, no interior do estado de São Paulo. Aborda a psicanálise implicada no atendimento da população que não frequenta consultórios particulares e considera a escuta psicanalítica vitalizadora, essencial ao desenvolvimento e à transformação. Vinhetas clínicas mostram a realização desse trabalho.
Palavras-chave: identidade psicanalítica, psicanálise implicada, instituição, divulgação da psicanálise, mudança psíquica