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Volume 57 nº 1 - 2023 | A criança e os pais

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Editorial

A relação entre pais e filhos é pedra angular de toda a história da huma­nidade. Está no cerne de todas as mitologias e religiões. Penso que no Gênesis a relação das criaturas com o criador é uma forma mitológica de organizar as primeiras experiências de crianças e bebês com seus genitores, a começar pela fantasia de um nascimento que exclui o relacionamento sexual – Adão formado pelo barro e Eva de uma costela de Adão. A obediência total e incon­teste aos desígnios do pai é a premissa. Não cabe às criaturas a curiosidade, o conhecimento, a sabedoria, nem o discernimento próprio. O pai é que sabe tudo e tudo provê. A insatisfação com tal dependência e a necessidade de um pensamento próprio levam os dois a comer do fruto da árvore do conheci­mento do bem e do mal. A curiosidade e a necessidade de autonomia são apresentadas como tentação demoníaca. O paraíso não deveria ser tão para­disíaco assim para que se ansiasse por algo mais do que nele havia. Ingerido o fruto do conhecimento, tal como destacou Melanie Klein, perde-se o paraíso. O conhecimento – a maturidade psíquica – revela a condição humana e seus infinitos percalços.

A concepção por via sexuada foi tratada como pecado original e o re­lacionamento dos pais visto como tabu. Todavia, o surgimento real do casal original só se daria com o relacionamento sexual entre os dois, tirando-os de uma condição fraterna. O relacionamento deles com os filhos tornou-se problemático, e o primeiro filho, enciumado e invejoso, matou o segundo.

Como destacou Bion no texto “Torre de Babel: possibilidade do uso de um mito racial” (1992/2000), publicado em Cogitações, há uma constante de um deus que se opõe ao conhecimento. Lembra o pai da horda primitiva pos­tulado por Freud em “Totem e tabu” (1913/2012).

Na mitologia greco-romana, segundo a proposta de Hesíodo na Teogonia, o Caos dá origem, por partenogênese, às divindades primordiais, e por meio delas, com a participação de Eros, às gerações que surgem de forma sexuada. As relações de pais e filhos são desde sempre bastante tumultuadas e violentas, até o estabelecimento de uma (relativa) ordem pelos deuses olím­picos governados por Zeus. O rei dos deuses casa-se com sua irmã, Hera, mas suas atividades extraconjugais é que são pródigas em gerar filhos. Algumas delas são de natureza homoerótica, como aquela que teve com Ganimedes. A família olímpica da Antiguidade não seria muito diversa de muitas que agora passam a ser reconhecidas socialmente, assim como os conflitos entre pais e filhos expressos nos mitos. A deusa Hera está em constante conflito com o marido e frequentemente tenta atormentar a vida dos rebentos da infidelidade dele, como aconteceu com Héracles.

Para nós, psicanalistas, o modelo paradigmático, emblemático e turbu­lento do relacionamento de pais e filhos é o de Laio, Jocasta e Édipo.

O drama de Orestes, tão caro a Melanie Klein, tem também uma com­plicada relação familiar. Agamêmnon, aflito para atravessar o mar e guerrear contra Troia, convence a esposa Clitemnestra a levar a filha Ifigênia ao acam­pamento em que as tropas aguardam os ventos para navegar, com a promessa de um casamento à jovem. Quando chegam, dão-se conta da rusa do pai, que necessita sacrificar a filha para que a deusa permita que os ventos os levem através do Egeu. De volta da guerra, a rainha enlutada pela filha trama e executa o assassinato do marido. Electra, a outra filha, tomada pelo desejo de vingança pela perda do pai, urde com o irmão Orestes o assassinato da mãe. Perseguido pelas Fúrias e, por fim, auxiliado por Atena, o rapaz consegue a clemência das Erínias tornadas Eumênides, dando origem à justiça humana estruturada.

A Guerra dos 100 Anos pela sucessão do trono da França teve origem na incógnita de paternidade da filha de uma rainha francesa. Descoberta a infidelidade dela quando grávida, não se podia dizer quem era o pai, se o rei ou o amante. Nascido o bebê, que era uma menina, a mãe e o amante foram executados. Pairando a dúvida sobre a legitimidade da criança, estabeleceu-se uma lei sálica que impedia que as mulheres fossem monarcas governantes, a fim de evitar que uma possível bastarda ficasse com a coroa e o governo. A dinastia capetiana se encerrava ali, pois o rei não teve outros filhos e morreu. O trono foi assumido pelos Valois, iniciando outra dinastia, mas a filha de Felipe, o Belo, e irmã mais nova do rei francês traído, Isabel, conhecida como a Loba de França, era rainha da Inglaterra por casamento e considerou a lei sálica inválida, pois a excluía da sucessão, bem como a seus descendentes, que também eram herdeiros da coroa da Inglaterra. Iniciou-se, dessa forma, o con­flito de 100 anos pela disputa do trono francês. Lutas intestinas entre Isabel e o marido, Eduardo 2º, culminaram com o assassinato do rei pelo amante da rainha. O filho, Eduardo 3º, executou o amante da mãe por regicídio e encar­cerou a genitora até a morte dela.

O tema “A criança e os pais” rendeu uma grande quantidade de artigos, e por conta disso a editoria e a comissão de avaliação decidiram, por questão de espaço, que teremos dois números consecutivos com ele, para que não dei­xemos passar trabalhos significativos.

Nos trabalhos publicados encontram-se questões relativas às novas cons­tituições familiares, ao gênero, aos desenvolvimentos científicos que levam à concepção de bebês em que não há propriamente o relacionamento sexual de um casal, o que faz surgir inúmeras reflexões sobre as consequências psíqui­cas de tais avanços técnicos. Entre elas, podemos mencionar as seguintes: que tipo de organização mental ocorre quando uma criança é gerada in vitro? O que acontece quando nascem muitos filhos de uma única gestação? Quais as consequências mentais para os pais do descarte de embriões não utilizados? E para os filhos surgidos dos embriões escolhidos? Que tipo de marca o luto pelos embriões descartados imprimiria nas famílias? E em filhos de doadores de espermatozoides e óvulos anônimos?

Há pouco tempo uma pesquisa revelou que provavelmente a avó de Ludwig van Beethoven teve um caso extraconjugal e que o pai do composi­tor e toda a sua descendência não têm a genética correspondente aos demais membros da família Beethoven. Os problemas relacionados à paternidade e as decorrentes angústias associadas à possibilidade de incesto, entre vários outros aspectos, por desconhecimento de quem seriam os irmãos ou os ancestrais, afetam as crianças adotadas. A busca pela família biológica é uma constante entre elas, por melhores que sejam os pais adotivos.

Essas e tantas outras questões extremamente importantes, como a do incesto e do abuso sexual, permeiam as páginas deste número e do próximo.

Neste número contamos com a contribuição de Francis Grier, atual editor do International Journal of Psychoanalysis e músico de notória reputa­ção, que faz uma analogia bastante interessante entre o atendimento analítico e a produção e escuta musical. Três trabalhos de interesse atual, de Walter Trinca, Paulo Ceccarelli e Adalberto Goulart, integram a produção brasileira desta edição.

Por fim, temos os quatro trabalhos das plenárias do 53º Congresso Internacional de Psicanálise, da Associação Psicanalítica Internacional, que acontecerá em julho deste ano, em Cartagena das Índias, Colômbia.

Aproveito a oportunidade para recordar a todos que queiram submeter seus trabalhos à RBP que eles devem impreterivelmente seguir as normas de publicação que constam no site www.rbp.org.br. Os textos precisam ser inédi­tos e, uma vez aceitos, passam a ser copyright da revista. Adianto que o tema do terceiro volume de 2023 será “Religião e estados religiosos da mente”, para aqueles que já quiserem escrever sobre essa temática a fim de enviá-los à RBP.

Desejo a todos uma boa leitura.

 

Referências

Bion, W. R. (2000). Torre de Babel: possibilidade do uso de um mito racial. In W. R. Bion, Cogitações (E. H. Sandler & P. C. Sandler, Trads., pp. inicial-final). Imago. (Trabalho original publicado em 1992)

Freud, S. (2012). Totem e tabu. In S. Freud, Obras completas (P. C. Souza, Trad., Vol. 11, pp. 13-244). Companhia das Letras. (Trabalho original publicado em 1913)

Intercâmbio

O autor explora algumas similaridades entre experiências musicais e de sessões analíticas. Focaliza as qualidades da evanescência, a maneira como a música, em contraste com muitas outras formas artísticas, e sob certa perspectiva, dura somente enquanto é efetivamente tocada, e em seguida termina, de forma similar ao diálogo de analista e paciente em uma sessão. As reverberações psíquicas de alguns momentos transitórios e fugidios, no entanto, podem durar por toda a vida. Mesmo quando nenhum entendimento verbal profundo está acontecendo, ainda assim o encontro de paciente e analista é emocionalmente significativo. O autor ilustra esse ponto com um exemplo clínico. Explora a transferência como ilusão, e a relação entre verdade e ilusão a partir do conceito bioniano de O. Encerra com pensamentos a respeito do valor paradoxal do aspecto ilusório da estética e da natureza, como considerado por Freud em seu breve artigo “Sobre a transitoriedade”, e do sorriso que paira no ar do Gato de Cheshire, de Lewis Carroll.
Palavras-chave: ilusão, evanescência, imaginação, transferência

Temáticos

A autora apresenta sua experiência analítica a partir de visão diferente da tradicional, em que a psicanálise é vista pela tendência binária da clínica com crianças e adolescentes ou com adultos. O analista das relações pais-bebê, crianças, latentes e adolescentes trabalha com o conceito de campo analítico estendido, o setting como zona compartilhada da clínica. A presença dos pais é inerente à condição de dependência emocional, econômica e social da criança em relação a eles. Os pais têm participação especial no horizonte do campo analítico e constituem com o paciente e o analista uma conjunção de forças que determinará efeitos no analisando e no analista. A autora faz um exame detalhado desse conjunto de fenômenos.
Palavras-chave: psicanálise, pais-bebê, criança, latente, campo analítico

A psicanálise com crianças, como pensada e praticada hoje em dia, se desenvolveu a partir de muitas contribuições desde os primeiros artigos de pioneiras como Melanie Klein e Anna Freud. Nesse percurso, a autora escolhe escrever sobre o trabalho psicanalítico com os pais, tanto por sua relevância para os que trabalham com crianças quanto por entender que houve mudanças significativas nessa área. Apresenta um recorte da literatura, desde autores basilares até contribuições mais recentes, juntamente com dois relatos clínicos, com o objetivo de discutir e tecer considerações sobre o tema.
Palavras-chave: psicanálise com crianças, trabalho psicanalítico com pais, técnica, clínica psicanalítica, avaliação psicanalítica

A proibição do incesto é a lei primordial que permite a individualização do ser humano e a sua inserção na cultura, delimitando as funções psíquicas estruturantes da família. Através da experiência de atendimento com referencial psicanalítico a famílias que tenham uma denúncia de abuso sexual intrafamiliar ou incesto, observou-se que, além da relação denunciada, há outros relacionamentos incestuosos que não são percebidos como abusivos. Apesar de pouco reconhecido e muitas vezes encarado como excesso de cuidado, o abuso sexual cometido pelas mães é fenômeno frequente nas famílias. A repetição do abuso sexual nas relações e entre gerações, tendo a mãe como principal agente da transmissão psíquica, é visto como uma compulsão à repetição, movida pela pulsão de morte. Com todo seu potencial de simbolização, o ser humano continua buscando a satisfação de suas pulsões primárias, utilizando a sua experiência para acessar a satisfação em relações aceitas socialmente.
Palavras-chave: incesto, abuso sexual intrafamiliar, psicanálise, terapia familiar

A proporção de nascimentos múltiplos tem crescido geometricamente na contemporaneidade, não por questões genéticas, e sim pela intervenção de técnicas reprodutivas da medicina. Na impossibilidade de gestar, a mulher concorda em se submeter a procedimentos médicos que podem ultrapassar seu desejo de ter um filho, ofertando-lhe a probabilidade de uma gestação múltipla. O trabalho de maternar mais de um filho simultaneamente pode ter um custo psíquico alto para os pais e para os bebês. Isso levanta interrogações sobre a formulação teórica da constituição do sujeito construída sob a ótica da unicidade do falo. Pais fascinados e horrorizados com a gemelaridade não raramente se encontram em significativas dificuldades para exercer suas funções e demandam tratamento psicanalítico. Por dispensar o ato sexual e o papel do homem como genitor, esses recursos da medicina também têm sido buscados por novas configurações familiares, produtoras de subjetivações a serem ainda estudadas pela psicanálise.
Palavras-chave: reprodução medicamente assistida, gêmeos, parentalidade, novas configurações familiares, lógica fálica

Pautas contemporâneas

O ser interior é constituído como um sistema endógeno que define a realidade existencial primária e o centro nuclear da vida mental de uma pessoa. Em sua unidade, inteireza, coesão e indivisibilidade, ele se caracteriza como uma matriz estável e estabilizadora, que responde pela existência particular e específica da pessoa. Ao mesmo tempo, ele é um centro de organização e de harmonização do todo somatopsíquico e de suas relações com o mundo externo. A experiência de ter um ser é básica e elementar, como vem sendo descrita ao longo do tempo pelas diferentes formas de conhecimento que se ocupam da interioridade humana. No ser do ser humano, há uma abertura não sensorial às experiências, mas também obstáculos e impedimentos a elas, de modo que se encontram, por um lado, o contato com o ser interior e, por outro, o distanciamento de contato. Assim, o autor formula um modelo geral, no qual esse ser se distingue do self. Este se refere a uma instância sobre a qual aquele pode ou não exercer influência e ação, na dependência do estado do contato. O modelo geral compreende a interação de vários fatores, em que se destacam as atividades da pulsão de morte, os efeitos da fragilidade e da sensorialidade sobre o self, entre outros aspectos. O psicanalista trabalha com base nessas noções, visando ajudar o paciente a estabelecer ou restabelecer o contato consigo mesmo. As consequências e implicações do modelo estendem-se a questões vinculares, estéticas e éticas, mas também aos sentidos e significados para a vida e o viver.
Palavras-chave: ser interior, self, modelo psicanalítico, sensorialidade, fragilidade do self

Após um breve percurso pelos pontos da psicanálise que lhe serviram de referência, o autor discute as questões de gênero e as construções identitárias na atualidade, assim como sua incidência na psicanálise. Por fim, apresenta suas reflexões em tempos de mudanças discursivas.
Palavras-chave: gênero, construções identitárias, mudanças discursivas

Tal qual o inconsciente que pulsa, dinâmico e, portanto, móvel por definição, a criar-se e recriar-se, constantemente em produção e em trânsito permanente, a sexualidade humana não é terreno de certezas, definições ou segurança. Nesse sentido, já não caberia falarmos de sexualidade ou gênero como algo a contemplar tão somente a heterossexualidade ou a homossexualidade. Precisamos considerar todas as possibilidades conhecidas e ainda não conhecidas, visto que a natureza subversiva do desejo não pode ser aprisionada, sob pena de desnaturalizarmos a condição humana, que é livre e plural para sermos quem somos, contemplando a diversidade que, bem ou mal, produziu tudo o que temos em termos de civilização e cultura.
Palavras-chave: pulsão, inconsciente, desejo, sexualidade, pluralidade

Congresso IPA

Muitas situações são, no momento, caracterizadas pelo colapso da ordem e da estrutura, deixando pessoas expostas a forças desorganizadas (máquina de guerra, tráfico de pessoas etc.), com desumanização da pessoa comum em larga escala, especialmente nos campos de refugiados. O autor fala de como a negligência em relação a pessoas traumatizadas por parte de sociedades e discursos alienantes sobre o “trauma” aumenta seu sofrimento e produz graves consequências para gerações futuras. Reflete sobre as formas como a psicanálise pode representar uma função mediadora em relação a processos regressivos em níveis individuais, grupais e sociais. Desenvolve o conceito de uma terceira posição através da qual a psicanálise pode operar. A terceira posição é vista como inevitável no trabalho clínico psicanalítico, no sentido de que a simbolização e a elaboração necessitam estar ancoradas em um discurso cultural compartilhado. O autor propõe um modelo para repensar a traumatização, desenvolvendo a concepção da terceira posição relacionada a um campo mais amplo, englobando as relações do sujeito em uma modalidade diádica e corporalmente afetiva no que se refere ao grupo e à família, bem como à cultura e ao discurso. Esse modelo pode pavimentar uma compreensão da maneira pela qual atrocidades e catástrofes sociais como a traumatização coletiva podem ser elaboradas em níveis individuais e sociais. Exemplos clínicos iluminam esses processos.
Palavras-chave: traumatização individual, traumatização coletiva, psicanálise na terceira posição, elaboração

O autor descreve esforços psicanaliticamente orientados para aprofundar e aplicar a compreensão do fenômeno do trauma para o desenvolvimento de estratégias de intervenção bem-sucedidas e abordagens de tratamento que diminuam o sofrimento imediato e as consequências a longo prazo em crianças que foram vítimas de (ou testemunharam) violência e outros eventos catastróficos.
Palavras-chave: trauma na infância, intervenção precoce, tratamento

Quando o clima geral de um período violento envolve a existência humana, frequentemente um mecanismo de sobrevivência contraproducente e feroz se torna um estilo de vida para a comunidade. Ao refletir sobre a estrutura sociopolítica e cultural da Índia, a autora tenta interpretar as configurações psicanalíticas da subjetividade humana em sua luta pela sobrevivência do self/corpo, tanto na resistência a uma ordem desumana quanto na participação nela. É assustador quando as celebrações da comunidade se transformam num entretenimento de massa exaltado, patriarcal e sexualmente orientado, com as mulheres carregando a fatalidade de suas consequências, tanto intrapsíquica quanto estruturalmente, no âmbito público e no âmbito privado. O corpo da mulher segue num dilema intrincado em sua luta pela sobrevivência na Índia pós-independência. A autora tenta registrar um período árido, em que a paixão perde suas características procriadoras essenciais e com frequência adquire expressões sexualizadas de relações violentas.
Palavras-chave: violência sexualizada, comunidade, mulheres

Segundo o autor, houve a necessidade de enfrentar um período conturbado para que se iniciasse uma reflexão sobre o instrumento de trabalho de diferentes perspectivas. Nesse contexto, um aspecto específico será abordado: por décadas, na América Latina, o método de trabalho foi utilizado como se pudesse ser facilmente importado, sem considerar as peculiaridades da região. Para exemplificar essa questão, serão apresentados exemplos técnicos, clínicos e teóricos.
Palavras-chave: cinema, psicanálise, dogma, fronteiras, literatura

Resenhas